quarta-feira, 11 de junho de 2008

Conclusão



Vivemos numa realidade de momentos traduzíveis em bites. O que nos chega a cada instante são novos e diferentes bites de informação, isto é, pedaços de informação. Se pensarmos que pedaços implicam, em regra, um todo, podemos ficar com a ideia que há uma informação completa, aparentemente disponível, e que nos é revelada bocado a bocado, por força das circunstâncias de que alguns querem ter um domínio privilegiado sobre o todo, deixando à maioria uma visão fraccionada. Acredito, no entanto, que esta não é inteiramente a nossa realidade. Que não há uma informação completa ou sequer compreensível como um todo da mesma forma que não há omnisciência nos homens. O que há são pedaços emergentes, aqui e acolá, por forças localizadas, trabalhando em níveis de intensidade diferentes.

Se tomarmos um qualquer evento de dimensão para-individual que é transposto pelos media deparamo-nos com uma sucessão de 'soundbites' que raramente se apresentam conexos. Quanto mais uma história se prolonga ou se adensa, o que nem sempre é a mesma coisa, mais fácil é perdermos o seu fio condutor. Não se pode dizer que há uma mudança drástica na sua continuidade, pois isso seria imediatamente perceptível, mas as perguntas com que se começa raramente correspondem às respostas a que se chega. A par das 'personagens', a 'trama' desenrola-se perante os olhos e ouvidos do receptor em torno do mesmo referencial - judicial, em Portugal, por excelência; moral e puritano, nos E.U.A., por contraste. A comunicação social vai servindo os detalhes, pouco se importando com a questão de fundo, como castanhas saídas do forno, 'quentes e boas'. O que esfriar já não serve para vender e como o espectáculo tem que continuar, os pregões mudam assim que uma nova fornada de castanhas estiver pronta. Haverá quem as asse, portanto. Igualmente quem as sirva aos jornalistas para que estes corram desbragadamente pelas ruas fora, gritando as novidades. Esses metódicos assadores são os assessores de imprensa que conhecem esta ânsia e a tentam manipular no melhor interesse de quem os contrata - o poder. Político, em primeira mão, mas não só.

Karl Rove foi o melhor assador de castanhas dos últimos anos nos E.U.A. Quiçá, do mundo. Com fidelidade canina acompanhou George W. Bush desde a sua 1a eleição a Governador do Estado do Texas até quase ao fim do seu 2o mandato na Casa Branca (em meados do ano passado demitiu-se). Foi o 'arquitecto' da eleição presidencial de 2004, como o próprio W. Bush reconheceu e fê-lo sem nunca olhar a meios para atingir os fins. Dirigiu e corrigiu campanhas, moldou eleitorados e destruiu candidatos rivais, sempre à distância, com telefonemas e fugas de informação cirúrgicos, para a célere (e pouco atenta) imprensa norte-americana. Foi o exemplo conseguido do que se deve fazer para eliminar a concorrência num mundo sem memória, em que o instante vale tudo, porque o próximo bite está já a ser escrito e produzido. Os jornalistas foram sendo conduzidos pelos corredores dos interesses republicanos pela mão cuidadosa de Rove. Quando se temia a reacção do eleitorado americano a ausência dum passado militar patriótico de W. Bush, Rove orquestrou um passado profundamente anti-Vietnam de John Kerry e a imprensa engoliu-o. Com isco, anzol e cana. Quando a guerra no Iraque era necessária mas injustificável, apareceram as 'fortes suspeitas' de 'armas de destruição massiva', reveladas a líderes políticos europeus, logo dispostos a jurarem pela alma da sua mãe que as viram e quase lhes puderam tocar. Provavelmente, Blair, Aznar e Durão Barroso apenas apertaram a mão de K. Rove, mas bastou-lhes. Dá para notar que não coloco muita fé na inteligência média de alguma classe jornalística e política. Não os culpo em absoluto pelas diatribes da classe política mas critico-os visceralmente por se porem tão acefalamente ao serviço da divulgação das mesmas.


A cultura da velocidade da era da informação é uma coisa, é a cultura do laxismo e da preguiça profissional. É esta que permite aos assessores do poder controlarem as reacções dos dirigidos sem que enfrentem uma reacção, um esboço de dúvida, um dedo inquisitivo no ar.

Para terminar, K. Rove caiu, aparentemente, em desgraça, mas não por ter ido longe demais na manipulação da informação ou por ter atacado altas figuras baixo demais. Simplesmente, caiu porque recebeu 'luvas' e envolveu-se em questões que saiam da sua área de intervenção. Doutra forma, ainda estaria no seu gabinete, ao lado da Sala Oval, a receber jornalistas, a escrever-lhes comunicados e a telefonar-lhes para lhes dizer se haveria um amanhã ou não.

Capítulo VI - Vida Dupla


Boris VS Manobras na Casa Branca
“O meu nome é George Gorton... estou a ligar de "Moscovo. A razão do meu telefonema é que eu posso desaparecer ou ser morto hoje. Neste caso, quero que a polícia saiba o que se passou..."

Três consultores de marketing, americanos, e no desemprego, são contratados para viajar até Moscovo. Até aqui nada de anormal. Mas o filme é uma verdadeira obra-prima. Um guia para quem quer aprender a manipular e uma forma de apreciarmos como se vendem políticos da mesma forma que uma “barra de sabão”. Aqui podemos constatar várias matérias (ou quase todas) que temos vindo a tratar nas aulas: focus group; sondagens, manipulação. Há princípios, uma palestra de venda, e um sistema chamado “Jogo de Eleição” (para simular essa eleição). Há que (re) embalar o presidente como uma “barra de sabão”. É necessário ganhar a todo o custo, fazer campanha negativa (Os pelotões da verdade), usar o truque reles “sorrir”, os bites sonoros de 5 segundos e nunca esquecer que nem tudo neste ramo é verdade.

Excertos a reter:
· “A voz do candidato”
· “Nada de nomes”
· “Sorrir é fundamental (o papá não sorri) – Comportamento é fundamental”
· “Nunca mentimos a quem nos paga”
· “Vamos aldrabar em Russo”

A reter que tanto no filme MANOBRAS NA CASA BRANCA como no BORIS, o presidente nunca aparece. Não é preciso, é instrumental. Basta a actuação do Spin Doctor (sempre associado à resolução de problemas e gestão de crise). Têm duas (de muitas) características: actuam nos bastidores e são discretos. Há que ter confiança no protagonista. As manobras de bastidores surgem para resolver uma crise ou para antecipar eventuais problemas. Em Manobras da Casa Branca fala-se de guerra para camuflar o escândalo sexual. Se tudo correr bem ninguém descobre nada. Se não correr... poderá acontecer o mesmo que a Karl Rove, o “Bush’s Brain” de que vou falar na conclusão do meu trabalho.

Uma curiosidade - Someone Still Loves You Boris Yeltsin - “Pangea”

Capítulo V - O Triângulo Amoroso - Assessores, Jornalistas e Protagonistas


Como se podem abafar más notícias? Dando algo em troca? A relação dos assessores de imprensa com os jornalistas põe a questão da Ética no seu limite?

Não se deve abafar as más notícias, porque essa postura, mais tarde ou mais cedo, será nefasta. Uma relação baseada em interesses pode colocar em cauda a Ética, mas cabe ao jornalista não o permitir, com firmeza, de forma a não ser “usado” em várias situações. Concordo que, por vezes, não é fácil, mas a profissão de Jornalista nada tem de fácil. No entanto, há situações em que a outra face da moeda é de todo a mais correcta para minimizar problemas. O assessor de imprensa direcciona a informação. As más notícias podem ser abafadas, e de várias formas, mas um dia a verdade será realçada. Aqui temos a relação “água e azeite”, não se misturam. A verdade não se mistura com a mentira; o que é a ética, não passa de normas. É como as leis, foram criadas para ser cumpridas, ou não. Vai da consciência e do grau de cidadania de cada um. O presente Governo é um bom exemplo de como proceder em face de más notícias. Não sendo vanguardista mostra-se exímio nessa técnica. Abafa as más notícias com o pré-anúncio de boas notícias, sabendo que estas, por serem mais raras, vão prender mais as atenções (exemplo: a descida do IVA). O pré-anúncio permite ainda o anúncio, o que significa a duplicação do mesmo espaço de notícia. Acredito que haja outras técnicas, menos visíveis, de abafar as más notícias. Se pensarmos que o impacto duma má notícia também resulta do alinhamento que ela tem nos órgãos de comunicação social (a página, par ou ímpar; a chamada ou não na capa; no início, meio ou fim dos telejornais; antes ou imediatamente a seguir a um intervalo publicitário;), que esse alinhamento é decidido por homens que dependem profissionalmente de estruturas (económicas) e que estas, por sua vez, estabelecem relações com os diferentes níveis de poder, a possibilidade de trocas de favores ou existência de pressões. Neste momento, temos o problema dos combustíveis e uma empresa controlada pelo Governo a manipular diariamente os preços e o povo nada faz. E isto porquê? Tudo está controlado pelo poder político. Não há soluções à vista, porque quer com governo à esquerda ou à direita, hoje em dia é tudo igual. Perderam-se os valores.

As convicções de um assessor e os interesses do protagonista

Chocarão muitas vezes, mas o protagonista tem toda a vantagem em ouvir o assessor, se não o seguir assumirá as responsabilidades do seu acto. O papel do assessor é aconselhar. A decisão final não é dele. Ou nunca devia ser, pois não é ele o protagonista. Este é que pode ganhar ou perder, em função dos conselhos do assessor. No entanto nem sempre é o que acontece. Senão vejamos: Num dia morto há sempre muita gente atenta. No filme, Slow New Days cria-se uma estratégia para salvar a Segurança Social. Se a bomba estourar o presidente disse mesmo a Toby que dirá à imprensa que não sabe de nada. Recordemos que Toby engendrou um plano para salvar pensões. Mas a sua ideia não deu certo. A imprensa descobriu que Toby andava em negociações com Gaines (um senador) e quer publicar a notícia (se o fizerem isso acabará com qualquer acordo). Uma situação que colocou em risco a política do presidente e até mesmo o seu emprego (mais à frente o presidente acabou por perdoá-lo mas foi uma situação que o fez perder o emprego). Para tentar que o jornal não publicasse Toby ofereceu ao jornalista um exclusivo de 10 minutos com o presidente. O assessor tem de ser alguém com conhecimentos técnicos, científicos, já o protagonista, aquele que independentemente dos seus conhecimentos, é muitas vezes o “apostador”, o político, aqueles que têm o “faro”. Não estou certa que 'perderá sempre'. Depende da forma como apresentar os seus argumentos e das capacidades do protagonista. No limite, no entanto, o choque criará uma falta de confiança entre ambos que minará a relação profissional (como aconteceu em "Os Homens do Presidente". Com claro prejuízo para o assessor, está bom de ver.

A relação de intimidade entre Assessor e jornalista

Pode existir uma relação de intimidade, desde que não confundam a relação profissional, com as afinidades pessoais. Se o fizerem, é a morte do artista, mas é possível manter essa relação, com respeito mútuo. No entanto não somos todos iguais! Há casos em que para o bem da informação não é possível. Já que deve procurar a verdade da informação. O assessor de imprensa trabalha a notícia em função do público-alvo. Na intimidade existe cumplicidade. A relação dos assessores de imprensa com os jornalistas é sempre difícil de caracterizar, até porque na sua maioria os assessores são ex-jornalistas ou jornalistas em licença temporária de funções. Do que conheço (e ainda é pouco) suscita-me a ideia de alguma promiscuidade profissional. Afinal, é preciso um elevadíssimo nível de carácter moral para não ceder a tentações de trocar favores num dos postos por favores, prévios ou posteriores, no outro.


A importância crescente de um assessor de imprensa

Cada vez mais cresce a importância de um assessor de imprensa na comunicação política (mas não só), em especial durante as campanhas eleitorais. Esta verdade tem suscitado alguma apreensão. No nosso país esta situação tem levantado algumas questões mais em termos opinativos do que empíricos. Esta importância está ligada ao facto de ser necessário chamar a atenção dos meios de comunicação social (e por extensão da opinião pública). Tem de haver impacto na política. As assessorias participam em tudo o que se decide, não é apenas o último ponto antes do contacto com os jornalistas, é parte integrante da estratégia de comunicação e não um elemento passivo. A existência de uma assessoria, é uma forma, muitas vezes, de não fazer soltar as verdades mais inconvenientes e de passar a informação que querem passar, mas a persistência de procurar a verdade pode, sempre, prevalecer. As assessorias, quando contratadas, têm sempre um determinado objectivo e é nesse objectivo que se trabalham e direccionam as assessorias, daí concordar que as assessorias auxiliam a forma como se quer dar a informação, para o público-alvo a que se destina a informação. Temos como exemplo recente o caso UEFA-FCP, em que o presidente do FCP dá a entrevista na SIC, dizendo aquilo que lhe convém (e ao FCP) perante os factos conhecidos, não deixando que os jornalistas direccionem a entrevista para algo que lhe é desconfortável. No episódio n. º 15, da 1ª temporada, intitulado “Navegação Celestial” Sam e Toby deslocam-se a Connecticut para tentar resgatar (uma operação que será bem sucedida) o Presidente do Supremo Tribunal que está na cadeia. Conseguem convencer os polícias a libertarem-no, manipulando-os com palavras. Enquanto isso Josh participa numa conferência universitária cujo objectivo é descrever um dia típico na Casa Branca. Josh dá uma conferência de imprensa cheia de gaffes. Aqui podemos constatar que nem sempre é fácil lidar com a imprensa e que se não estivermos bem preparados somos engolidos. A sua tentativa de tornar-se o porta-voz oficial da Casa Branca falhou porque prometeu e inventou (sem o presidente saber) um plano secreto para combater a inflação e os jornalistas bombardearam-no com perguntas às quais ele não sabia responder. As assessorias são motores activos na informação a transmitir. Não me surpreende, arrepia ou incomoda. Até porque a comunicação duma informação é parte essencial do processo de divulgação pois em muito determina o impacto da informação (conteúdo) e os resultados que se podem daí obter.

Capítulo IV - As Técnicas


A Sondagem

No 21º episódio, da 2ª temporada, intitulado “18th And Poto Mac”, há crise, sucessão de crises e ainda uma sondagem que servirá de instrumento de preparação numa futura eleição. A Casa Branca está cercada por problemas de vária ordem: é a luta contra a divulgação da notícia que o presidente tem esclerose múltipla. Pensam na possibilidade de um directo de 30 minutos da Casa Branca em que o presidente assuma que mentiu. CJ apressa-se logo a dizer que a seguir vão fazer uma conferência de imprensa para controlar (os danos?!) ao máximo.

A sondagem é essencial, na sucessão de crises, ou até mesmo na preparação de discursos como o do Presidente dos Estados Unidos, mesmo que, por vezes, se deva acreditar na valorização do discurso autêntico, genuíno, cada vez mais ultrapassado, pelos estudos de imagem e pelas sondagens. No caso dos Estados Unidos, o que sai para a opinião pública é, de todo, estudado. Nada é feito por acaso. Percebo a mais-valia da utilização dos resultados das sondagens na preparação dos discursos de qualquer político. Não gosto dessa estratégia porque deixa de lado o conjuntural e concentra o discurso no circunstancial, sendo assim um instrumento de manipulação da opinião pública. Claro está que a culpa da eficácia dessa estratégia não está só em quem a usa mas também, em regra, em quem é visado por ela, e isso nem sempre é bom…Para o povo só faz sentido qualquer discurso que tenha como base a realidade em que ele vive ou viveu. Um discurso por melhor que seja, se não despertar nos ouvintes a mensagem principal: - Sei que todos passaram por isso... / - Sei que estamos vivendo esta crise... / Compreendo e sinto a vossa angústia... >>>>>> - Mas eu tenho a solução... / - Nós podemos..., não terá grande credibilidade. Por mais ignorantes que sejam os ouvintes, eles "sentem" que para alguém indicar soluções tem que conhecer os problemas. Mas, creio firmemente que as novas realidades de melhoria são causadas mais pelos comportamentos de entusiasmo (psicológicas) das populações, do que simplesmente por medidas técnicas e decretos. E assim ganhará não quem tenha mais competência, mas quem conseguir com o seu discurso de premissas e soluções mobilizar a "alma" dos ouvintes.

Focus Group - A Origem

As raízes históricas do FOCUS GROUP remontam ao ano de 1941 e a Robert Merton (o pai do focus group).

“SPINNING” DA INFORMAÇÃO

Os políticos falam para a comunicação social, não para o público. A partir do momento em que os jornalistas são o público directo estamos no domínio da Assessoria de Imprensa. Spinning é um conceito antagónico (ficção, mentira, invenção), uma realidade alternativa à verdadeira.

SPIN DOCTOR

Não é fácil a caracterização de algo que não existe e que não olha a meios para atingir os fins. Ser “Spin Doctor” é ter um poder invisível, é nunca assumir a autoria. Ninguém chama a ninguém Spin Doctor. Os Spin Doctors têm um acesso directo ao poder. São conhecedores dos meandros da comunicação e do marketing.

Capítulo III - Campanha Negativa


O conceito, em teoria, é que uma campanha devia ser feita pelo mérito do candidato (Eu sou bom, eu sou este e pronto!). Nos Estados Unidos há o hábito de atacar o adversário até que ele desista (o que em Portugal achamos jogo sujo). Uma campanha negativa é quando um candidato releva os defeitos do adversário, em vez de falar das suas próprias qualidades. Coloca-se a pergunta das aulas “Estarão os portugueses preparados para uma campanha negativa?”
Bem mais importante é a campanha de valorização de um candidato, em vez de optar pela campanha negativa. De certa maneira, não concordo com essa atitude, com essa alternativa, porque mostra que o candidato não acredita nas suas capacidades de vitória. É mais difícil (e moroso) vencer pelas virtudes, capacidades, defeitos e imperfeições mas é uma forma saudável de viver. Acredito que quem faz política através de campanhas negativas, no futuro algo de semelhante lhe acontecerá. É uma estratégia de 'golpe baixo', que alude a factores que, geralmente, nada têm a ver com o essencial que devia ser discutido. No entanto, é bem empregue se for usada, na medida e doses certas (isto é, sem que passe a ser o centro do discurso), como forma de pôr a nu mentiras e hipocrisias dos candidatos rivais - com relevo para o que se propõem fazer. No episódio 6, da 7ª temporada, The Al Smith Dinner, temos um exemplo de campanha negativa. Trata-se da campanha do sucessor de Jed Bartlet. Há inúmeros ataques pessoais entre Santos e Vinick, entre eles um sobre o aborto, com anúncios negativos pelo meio (quanto mais passam mais as pessoas acreditam neles). A reter frases como: “Se eu tiver que destruí-lo para vencer…” Não existem políticos sem povo, como não existem líderes sem liderados. Cada povo merece os políticos que possui. Assim como vende mais a notícia da desgraça do que a notícia do sucesso, o povo sente um certo gosto em ver a lavagem de "roupa suja". O povo sente que os políticos são seres extraterrestres e que também possuem muitos pontos negativos nas suas vidas. Como muitas vezes não consegue decidir pela qualidade das propostas dos candidatos (por não ter formação/educação para isso), acha mais fácil decidir pelo "lado mais humano". Ora, os políticos possuem como objectivo principal: chegar ao poder. Que será a base para eles poderem praticar boa ou má política. Por isso lançam mão das mais diversas técnicas. Mas sempre o decisor é o povo. É o povo que compactua e valoriza comportamentos sem ética, é o principal culpado por eles existirem. Utopicamente, acho que o discurso político deve ser centrado única e exclusivamente na proposta e no debate de ideias.

Na posição de um dono de uma agência de comunicação… em que um cliente, presidente de uma câmara, que se vai recandidatar, quer saber se minha empresa pode executar um plano de campanha negativa para desacreditar um adversário…

Como gestora e proprietária de uma agência de comunicação teria que trabalhar em prol do sucesso do meu cliente. Do sucesso dos meus clientes nasce o meu sucesso. Mesmo que não concorde com a forma, o que interessa na gestão é a substância. Apenas não compactuo com fraude, mesmo que psicológica.

Capítulo II - Marketing Político vs Marketing Eleitoral


Um político está permanentemente em campanha, ideia de marketing político, esse conjunto de técnicas (publicidade, marketing directo) que visam pôr em evidência um político face a outros. Há que concentrar a atenção em estudos de opinião, e sondagens até porque um político não consegue falar para toda a gente.

Em Portugal pratica-se Marketing Político?

Há quem diga que no nosso país não se pratica Marketing Político. Faz-se marketing eleitoral e publicidade política. Para tal acontecer deveria haver uma boa gestão compreendendo as emergentes necessidades de cada ser humano (cidadão). Implicaria ofertas, estratégias, e tendências e o benchmark do futuro. Lúcia Crespo diz mesmo que “Já não há políticos profissionais, sem planos de marketing definidos”.

Manipulação Política

Não é fácil de contrariar, quando a máquina partidária está tão enraizada. O problema é que às vezes se manipulam pessoas e não informação. Talvez seja uma utopia dissociar uma coisa da outra. 'Manipulação politica' é um pleonasmo.

A política é ela própria uma forma de manipulação: da “cousa pública”, na sua mais nobre acepção; da ilusão colectiva, na sua versão mais corrente.

Em 2005, um caso de "manipulação política", foi como Manuel Alegre classificou o apelo de Jorge Coelho, a que os outros candidatos de esquerda desistissem a favor de Soares. Quanto mais ambicioso é o objectivo do político mais a necessidade de manipulação se irá sentir.
No episódio n.º 18, da 3ª temporada, Stirred, há manipulação e crise. Todos na Casa Branca estão preocupados com uma catástrofe causada por um acidente entre dois veículos, com urânio, em Idaho. Os assessores do presidente temem que o que aconteceu possa causar danos ao meio ambiente. Paralelamente há, também, que definir uma estratégia eleitoral para substituir o vice-presidente. Fala-se ainda do problema de Leo em ter sido alcoólico. O mesmo problema é falado no episódio n.º 12 da 1ª série em que Leo admite publicamente o seu alcoolismo e o antigo uso abusivo de drogas (Gestão de Crise).

Exemplos de Manipulação Política

A brasileira Alline Martins diz mesmo que “A Copa do Mundo é, de certa forma, uma "culpada" pela manipulação política pois foi aproveitando-se dela que as eleições acontecem de quatro em quatro anos, justamente nos mesmos anos que o Mundial. Assim as pessoas se envolvem com a emoção do futebol, dando menor importância à política”.

A mentira como instrumento de marketing político

Na política, nos dias de hoje, vale tudo. Mente-se da mesma forma que se respira.
Cabe ao jornalista investigar e mencionar quem mente, mas é necessário coragem e uma equipa forte, seja na redacção, direcção e administração. Todavia, a mentira é algo de necessário, aliás todo o ser humano é mentiroso, ou melhor, mente por natureza.

Actualmente, não é possível “fazer” política sem mentira, porque o objectivo são votos, são posições, são estatutos e status. Aliás, o próprio eleitorado não está preparado para enfrentar toda a verdade. Não vejo a mentira como um instrumento de marketing. Concordo mais com a ideia de que o marketing se serve da mentira, trabalha a mentira.
No episódio n. º 3, da 4ª temporada, dos Homens do Presidente, com o título Universitários, há mais uma crise, e há necessidade de lhe fazer frente com a desinformação e a mentira. É feito bluff com a jogada de Qmar. Os Assessores de Bartlet têm de reagir sobre o assassinato premeditado de um cidadão de Qumar (aliás Leo é mesmo designado para arranjar um advogado de confiança). Para tentar ludibriar esta situação Sam, Toby e Josh, criam uma ideia radical para que os cidadãos possam pagar a educação universitária. (Frases a reter do filme: “Ninguém tem experiência em lidar amplamente com a imprensa e Decreto de Favores é um Eufemismo”). Ou seja, o marketing é um meio de comunicação, logo tem a capacidade de transformar mentiras em verdades absolutas e vice-versa. No episódio 21, da 1ª temporada, Lies, Damn Lies and Statistics, podemos constatar a mentira na política, a mentira como instrumento de marketing político. Fala-se de uma reforma financeira da campanha FEC amigavelmente, mas os seus adversários não vão facilitar. Até porque a relação de Sam com uma antiga prostituta será descoberta pela Imprensa é necessário contornar a situação. Aqui entra o jornalismo agressivo, sempre em busca da verdade. Não confundir com o sensacionalismo e o jornalismo espectáculo.

Acima de tudo, é importante fazer-se um jornalismo que chegue às populações, sem papas na língua, mas sempre sustentado na investigação e na veracidade das fontes. Sou fã de um jornalismo verdadeiro, mesmo que agressivo.
Lembro-me de Paulo Portas quando era director do Expresso. O jornalista tem que relatar a informação tal e qual como ela nasceu, não deve nunca prostituir a informação. A mentira é uma técnica de deturpar a "realidade". (Gostaria de falar dos conceitos da psicologia em que "Realidade" é na verdade o que está a acontecer ao passo que a "Actualidade" é "como" percebemos essa realidade. - Assim, para uma "Realidade", existem infinitas "Actualidades").

Quando falamos em leituras sobre o passado, a mentira é de toda condenável. Mas quando um político fala sobre o futuro a noção da mentira pode ser positiva ou negativa. Depende principalmente da "intenção"! Se a "possível" mentira aglutinar esforços e entusiasmo da população para dias melhores, penso que ela é a melhor escolha. Ressaltando que uma pseudo mentira pode mudar a "realidade" com a mudança da canalização das energias colectivas.
O bom político é um "Visionário"! E o que é uma "visão", senão uma mentira, já que ela não existe no momento, e se não houver aglutinação de esforços, nunca existirá.

Capítulo I - Comunicação de Crise


A comunicação de crise, às vezes, é uma utopia. Há que fazê-la com verdade e oportunidade. Desviar as atenções, desacreditando a mensagem (e os suspeitos sobre as intenções do mensageiro). Aqui criam-se as manobras de bastidores, ficcionando a realidade, manipulando, inventando uma realidade alternativa (muitas vezes falsa).

Entender a crise como uma oportunidade e não como uma desgraça

Há que entender a crise de uma instituição (ou empresa) como uma oportunidade e não como uma desgraça. O público estará mais atento do que é normal. Se for possível atenuar o problema talvez se consigam lançar mensagens de forma positiva. Em 1986, a Johnson & Johnson nos Estados Unidos constituiu um exemplo de como “aproveitar” uma crise. Já em Portugal, e com um grande impacto mediático, assistiu-se à cartelização da indústria farmacêutica.

Há também que não esquecer o caso português de José Sócrates e o problema do Tabaco. Ele não teve alternativa porque as pessoas viram a atitude dele. Mas ele soube aproveitar a situação com oportunidade. Não só admitiu que era verdade como ainda disse que ia deixar de fumar (porreiro pá!).

Para manipular eficazmente as pessoas é necessário fazer-lhes crer que ninguém as manipula

Quanto mais sofisticada e subtil é a comunicação, mais dificilmente o jornalista conseguirá resistir à publicação ou aderir à estratégia. Toda (ou quase toda) a informação que chega à opinião pública é fabricada, ocupando (e conquistando) o espaço mediático, sendo criativos, prendendo a atenção dos jornalistas, manipulando a informação mas tendo em conta que “nem sempre manipular é o mesmo que enganar”.

Avizinha-se uma crise. A dúvida é esperar pelos resultados ou dizer já? Como reagir quando a crise se instala? Com verdade, com sinceridade, com transparência, com disponibilidade?

Dizer já, com sentido de responsabilidade e disponibilidade para não criar pânicos imediatos e generalizados. A transparência da informação deve, porém, prevalecer. Agir. Quando algo está mal, é preciso enfrentar, de frente se possível. As crises existem em todos os sectores e têm as suas causas. Só saberemos a gravidade das coisas se as conhecermos. A partir daí é mais fácil arranjar forma de as colmatar.

Acredito que com sinceridade e transparência tudo se resolve, até as crises. Já uma crise económica pré-anunciada pode ter efeitos potenciados pelo alarmismo que o anúncio pode causar em certos sectores económicos (na bolsa). No entanto, a divulgação de resultados pressupõe uma crise já presente pelo que a sua divulgação se impõe. A gestão da “cousa pública” tem que ser transparente pelo que só se deve admitir como resposta uma divulgação de resultados verdadeiros, contextualizados e feita de forma transparente.

Torna-se difícil fundamentar uma acusação de falta de sinceridade. No entanto, recordo as declarações do Prof. Cavaco Silva, então 1o-Ministro, sobre a especulação bolsista, numa entrevista à RTP, que levou a um '(mini) crash' da Bolsa de Lisboa. Ele agiu com sinceridade e frontalidade perante os sinais duma crise eminente. No episódio 21, da 6ª temporada, “Things Fall Apart”, há fuga de informação e mentira para resolver a crise política e camuflar a perda de oxigénio na Estação Espacial. A crise nunca é um fenómeno concreto ao contrário de uma catástrofe. Uma crise é o conjunto de comportamentos com origem em vários sentimentos, principalmente o do medo. Assim para fazer face a uma crise ou possível crise, deve-se enfrentá-la o mais breve possível, pois como já é senso comum "nas crises surgem as grandes possibilidades".

O pior que pode fazer-se nestas circunstâncias é não comentar, não dialogar, não informar e não auscultar sentimentos. Esse é um perfeito campo para o "diz que disse" e apreensões, e quando formos tentar fazer "qualquer coisa", o clima de negativismo já está instalado. O perfeito líder deve antecipar essas correntes, e ao mesmo tempo que informa a sua equipa ou o seu povo, sugere e indica procedimentos e comportamentos para não serem atingidos por elas. A pergunta sugere várias atitudes: verdade, sinceridade, transparência e disponibilidade. Todas são necessárias, mas o mais importante é o sentimento gerado nos comandados: a "resignação" ou a "confiança" nas suas forças para tirar o melhor proveito da situação. O entusiasmo é o elemento não controlável nas leis económicas.


A imprensa tanto pode eleger como destruir um candidato

As eleições jogam-se na opinião pública e sem marketing político não é possível ganhá-las. Aqui entra o soundbite que é muito mais que um slogan. Por exemplo, a rádio foi usada por Hitler e Churchill para, precisamente, fazer passar uma mensagem. Existem várias hipóteses testadas.
Há uma delas que prova que a maneira como a mensagem é transmitida é muito importante.

As (tensas) relações entre políticos e agências

Vale a pena ler UMA TEORIA COMO OUTRA QUALQUER SOBRE O QUE SE VAI PASSAR EM 2009.

Introdução


Ao longo dos tempos a sociedade tornou-se o veículo célere das informações deturpadas, dos rumores que se criam, dos golpes “sujos e baixos”, do vale tudo, da manipulação.

Os políticos são prova disso. Iludem a consciência dos seus cidadãos, no intuito de legitimar actos e conquistar os “espaços mediáticos”.

A criação de pseudo-eventos, por exemplo, tem vindo a adquirir uma importância significativa. As estratégias e planeamentos de campanhas são entregues a especialistas, provocando o que muitos chamam profissionalização da actividade política.

Neste meu trabalho falarei da prevalência da imagem dos líderes políticos sobre o conteúdo das suas mensagens, da sobreposição das características da imagem sobre a experiência e capacidade política demonstrada. Falarei de sondagens políticas que adquirem, assim, um papel estratégico.

Encomendadas por partidos políticos (a que se juntam as técnicas de focus group) com vista a proporcionar ao candidato no chamado “mercado político” e a orientar a própria campanha, como objecto privilegiado dos próprios órgãos de comunicação social.

Com o objectivo de fazer um relatório para a cadeira de
Estratégias da Comunicação, leccionada pelo Dr. João Paulo Meneses, jornalista da TSF, e docente do ISLA Gaia, partilho algumas linhas de raciocínio sobre os enganos gerados no seio dos corredores de campanhas políticas e ampliados pelos órgãos de comunicação social, bem como aos escândalos que envolveram a Administração Bush. Mergulho ainda pelo fascinante mundo de bastidores da Casa Branca onde há o hábito de impor agendas e ditar o fim dos sonhos e comento as constantes crises que lá aconteceram e geraram tensões.

O trabalho tem a seguinte Estrutura:

Capítulo I – Comunicação de Crise

· Entender a Crise como uma oportunidade e não como uma desgraça

· Para manipular eficazmente as pessoas é necessário fazer-lhes crer que ninguém as manipula

· Avizinha-se uma crise. A dúvida é esperar pelos resultados ou dizer já? Como reagir quando a crise se instala? Com verdade, com sinceridade, com transparência, com disponibilidade?

· A imprensa tanto pode eleger como destruir um candidato (um aligeirar ao sound bite)

· As tensas relações entre políticos e agências

Capítulo II – Marketing Político vs Marketing Eleitoral

· Em Portugal pratica-se Marketing Político?

· Manipulação Política

· Exemplos de Manipulação Política

· A mentira como instrumento de Marketing Político

Capítulo III – Campanha Negativa

· Campanhas Eleitorais Negativas

· Na posição de um dono de uma agência de comunicação

Capítulo IV – Técnicas

· A Sondagem

· Focus Group – Origem

· Focus Group - Instrumento de Investigação

· Spinning da Informação

· Spin doctor

Capítulo V - O Triângulo Amoroso – Assessores, Jornalistas e Protagonistas

· Como se podem abafar más notícias? Dando algo em troca? As relações dos assessores de imprensa com os jornalistas põe a questão da Ética no seu limite?

· As convicções de um assessor e os interesses do protagonista

· A relação de intimidade entre Assessor e Jornalista

· A importância crescente de um assessor de imprensa

Capítulo VI – Vida dupla

· Boris VS Manobras na Casa Branca

Conclusão

A Comunicação de Crise é Inconveniente para os Políticos?