quarta-feira, 11 de junho de 2008

Capítulo III - Campanha Negativa


O conceito, em teoria, é que uma campanha devia ser feita pelo mérito do candidato (Eu sou bom, eu sou este e pronto!). Nos Estados Unidos há o hábito de atacar o adversário até que ele desista (o que em Portugal achamos jogo sujo). Uma campanha negativa é quando um candidato releva os defeitos do adversário, em vez de falar das suas próprias qualidades. Coloca-se a pergunta das aulas “Estarão os portugueses preparados para uma campanha negativa?”
Bem mais importante é a campanha de valorização de um candidato, em vez de optar pela campanha negativa. De certa maneira, não concordo com essa atitude, com essa alternativa, porque mostra que o candidato não acredita nas suas capacidades de vitória. É mais difícil (e moroso) vencer pelas virtudes, capacidades, defeitos e imperfeições mas é uma forma saudável de viver. Acredito que quem faz política através de campanhas negativas, no futuro algo de semelhante lhe acontecerá. É uma estratégia de 'golpe baixo', que alude a factores que, geralmente, nada têm a ver com o essencial que devia ser discutido. No entanto, é bem empregue se for usada, na medida e doses certas (isto é, sem que passe a ser o centro do discurso), como forma de pôr a nu mentiras e hipocrisias dos candidatos rivais - com relevo para o que se propõem fazer. No episódio 6, da 7ª temporada, The Al Smith Dinner, temos um exemplo de campanha negativa. Trata-se da campanha do sucessor de Jed Bartlet. Há inúmeros ataques pessoais entre Santos e Vinick, entre eles um sobre o aborto, com anúncios negativos pelo meio (quanto mais passam mais as pessoas acreditam neles). A reter frases como: “Se eu tiver que destruí-lo para vencer…” Não existem políticos sem povo, como não existem líderes sem liderados. Cada povo merece os políticos que possui. Assim como vende mais a notícia da desgraça do que a notícia do sucesso, o povo sente um certo gosto em ver a lavagem de "roupa suja". O povo sente que os políticos são seres extraterrestres e que também possuem muitos pontos negativos nas suas vidas. Como muitas vezes não consegue decidir pela qualidade das propostas dos candidatos (por não ter formação/educação para isso), acha mais fácil decidir pelo "lado mais humano". Ora, os políticos possuem como objectivo principal: chegar ao poder. Que será a base para eles poderem praticar boa ou má política. Por isso lançam mão das mais diversas técnicas. Mas sempre o decisor é o povo. É o povo que compactua e valoriza comportamentos sem ética, é o principal culpado por eles existirem. Utopicamente, acho que o discurso político deve ser centrado única e exclusivamente na proposta e no debate de ideias.

Na posição de um dono de uma agência de comunicação… em que um cliente, presidente de uma câmara, que se vai recandidatar, quer saber se minha empresa pode executar um plano de campanha negativa para desacreditar um adversário…

Como gestora e proprietária de uma agência de comunicação teria que trabalhar em prol do sucesso do meu cliente. Do sucesso dos meus clientes nasce o meu sucesso. Mesmo que não concorde com a forma, o que interessa na gestão é a substância. Apenas não compactuo com fraude, mesmo que psicológica.

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